Coutinho Afonso é uma pequena aldeia da freguesia de Algueirão-Mem Martins, no concelho de Sintra. Situa-se no nordeste dessa freguesia, no limite com a de Pero Pinheiro, possuindo actualmente cerca de 100 habitantes.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
As filhoses
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O Circo Mariano e o Algueirão - 2
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
O Circo Mariano e o Algueirão
Recordo-me de pequeno particularmente do Sr. Cristiano, figura muito simpática e afável, e da sua esposa, uma senhora muito delicada e igualmente simpática.
Mariano Augusto Monteiro foi o melhor empresário de circo português de todos os tempos. Iniciou-se como saltador, posteriormente palhaço e lentamente foi organizando um grupo de artistas e adquirindo algum material, para que, na década de 20, nascesse o seu primeiro circo.
Conheceu grande pujança nos anos 50, tendo desfilado na sua pista grandes nomes do circo mundial: Emílio Zavatta (corda elástica), Logano (contorcionista aéreo), Ant-Platas (malabarista), miss Kate (ursos gigantes), Jolson, Conde de Aguilar, Lion Sacor, Irmãos Campos, Atalaias, D. Aguinaldo, Henry Tony entre muitos outros. Com os anos 70, começaram os problemas financeiros e a ruína de todo o império construído do nada. No Porto, após o incêndio do circo, nada correu bem. Um dos seus primos matou o seu encarregado e assim, foi obrigado a vender o seu nome a Henry Tony (ilusionista). Ao adquirir o alvará, relança o Mariano para o sucesso merecido. No entanto, a vida de Mariano Monteiro não voltou a ser a mesma: conheceu o desamparo e a solidão na velhice. Numa reportagem a que tivemos acesso, o velho palhaço afirmava: "agora que já não sou nada, tenho de viver das ajudas que me dão...o que faço é aparecer na pista, onde me apresentam. Depois sento-me à porta e ali fico.". Foi com a chegada do 25 de Abril e com as exigências (justas) de funcionários e artistas que este circo se afunda definitivamente. Tal como ele, outros tantos fecham as suas portas: Mexicano (actual Ringland), Royal, New-York, Brasil...
É esta a história de um homem que das gargalhadas à velhice conheceu 50 anos de uma vida dura dedicada ao circo.
Sobre a família de Mariano, encontramos uma referência num blogue sobre a povoação de Sobral Magro, situada na Serra do Açor, concelho de Arganil - http://sobralmagro.com.sapo.pt/loca.htm:
Acerca de uma das personagens do Circo Mariano, António Ribeiro ou “Toni das Gaitas”, que viria a ser reconhecido exactamente como tocador de gaita-de-foles, no blogue http://www.gaitadefoles.net/vidas/default.htm:
Em 1974, regressou definitivamente e foi fixar-se nos arredores do Porto, na Senhora da Hora. O Circo Mariano, que tinha chegado ao fim dos seus dias, já não lhe podia garantir o sustento diário. Assim obedecendo aos velhos impulsos, começou a formar gaiteiros e a constituir grupos de gaitas e percussões, para animar festas e romarias. Assim nasceram os Gaiteiros Nacionais, agrupamento que chegou a ter 58 elementos. Todos os seus filhos, catorze ao todo, tocam a gaita, rufam na caixa e percutem o bombo.
Falta falar de António Ribeiro como construtor de instrumentos tradicionais. Várias das gaitas usadas pelos Gaiteiros Nacionais foram construídas por si, tal como as caixas e os bombos, e as peles foi ele quem as curtiu. A qualidade e a perfeição desses instrumentos estão à vista.
Mais do que um gaiteiro, de tão reconhecido como surpreendente virtuosismo, numa arte da qual conserva os traços e cânones essenciais da tradição, António Ribeiro é um excelente exemplo de Cultura Popular sobrevivente no seio da "grande cidade", trazido pelas correntes migratórias que geraram quer movimentos de integração quer focos de exclusão. Rebelde e marginal quanto baste, António Ribeiro é uma verdadeira "ilha" de criatividade expressiva da mais autêntica Cultura Popular que a cidade deve revelar e, como tal, valorizar.Texto: Excerto do livrete do CD "António Ribeiro - Toni das Gaitas" - Colecção "Gaiteiros Tradicionais" nº8 - Mário Correia / Sons da Terra, 2000
Fotos: APEGDF
Uma nota sobre a concessão de “subsídios” em Angola por Henry Tony a um artista popular, hoje maestro da Associação Cultural Lá-Mi-Ré (Monção e Arcos de Valdevez). http://membres.multimania.fr/lamire2004/maestro_p.htm:
(...) Na missa domingueira o sacristão de ocasião corria pelo corredor lateral até à linha de fundo, centrava, e, repentinamente, num arreganho de ponta-de-lança, o prior mandava o sermão para o fundo das redes do fiel rebanho que conivente com o rápido despacho desandava alegremente para o zaronzel da feira. Era verdadeiramente um fartote de animação.
- Hoje, pelas nove horas da noite, o Circo Mariano apresenta um magistral espectáculo com entrada grátis às damas.
A partir daqui tudo era possível. Com os beiços besuntados de algodão doce e os olhinhos mais arregalados que um mocho, dei fé da tenda onde cabia um mundo de fantasia, um mundo que esticava para lá da rábula do palhaço pobre e do palhaço rico. Da trapezista rechonchuda e do contorcionista com costelas que mais pareciam teclas de piano. Do leão desdentado e do macaco macaco. Um mundo tão magistral em que até o urso sabia andar de mota.
No blogue “Recordações da Casa Amarela” – http://recordacoescasamarela.blogspot.com/2010/10/luanda-coliseum-agora-novo-jornal.html -, a lembrança das passagens do circo por Angola, de um post assinado por Fernando Pereira de 30 de Outubro de 2010:
O circo Mariano, ficava num terreno desocupado, no cruzamento da Av. Comandante Valódia, com a Alameda Manuel Van-Dunem. A expressão do “ Circo desceu à cidade” aplicava-se apropriadamente a este, propriedade de Henry Tony (nome artístico), pois à volta da tenda grande lá estavam umas jaulas, com animais sedados, e umas roulottes, onde os trapezistas, domadores, palhaços, ilusionistas, todo o conjunto de gente que nos fazia sonhar naquelas duas horas, em que embevecidos, assistíamos a algo que julgávamos impossível acontecer.
domingo, 28 de novembro de 2010
Novamente a "Gilbardeira"
O ano passado já tinhamos falado da Gilbarderira: http://coutinho-afonso.blogspot.com/2009/12/gilbardeira-flor-do-natal.html
domingo, 3 de outubro de 2010
A colocação dos contentores de lixo em Coutinho Afonso
Vejam-se dois exemplos, em plena Estrada Principal (de nome e de facto):
A distância dos contentores de recolha de resíduos "normais" à estrada - onde circulam responsáveis condutores cumpridores do limite de velocidade de 50 km/hora (já hoje entendido como exagerado) - é de cerca de 50 centímetros!
domingo, 19 de setembro de 2010
ETAR de Coutinho Afonso em reunião de Câmara
Trata-se da proposta n.º 482-P/2010, do Presidente da Câmara, na qual, ao abrigo do Código da Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de Setembro), é requerida essa declaração "para constituição de servidão administrativa de aqueduto público subterrâneo". O montante dos encargos das expropriações das 21 parcelas consideradas é de 13.727,60 €.
A proposta, que consta em anexo à acta da Reunião de Câmara, inclui os mapas das servidões, com identificação dos proprietários e dos terrenos/prédios a expropriar - n.º de matriz, freguesia, descrição predial, confrontações, área das parcelas e classificação das terras.
A delibaração pode ser consultada no sítio da Câmara na Internet - http://www.cm-sintra.pt/ (Informação Institucional / Câmara Municipal / Reuniões de Câmara):
"Requerer a declaração de utilidade pública para constituição de servidão administrativa de aqueduto público subterrâneo, de várias parcelas de terreno necessárias à construção do Emissário de Cortegaça e Coutim Afonso, sendo o montante dos encargos a suportar com a servidão de 13.727,60 €.
(Proposta nº 482-P/2010, subscrita pelo Presidente)
Aprovada por unanimidade."
Uma nota final: os nosso SMAS continuam a desconhecer os nomes das povoações do concelho onde desenvolvem a sua actividade - é que a nossa terra chama-se mesmo Coutinho Afonso, e não "Coutim Afonso"; bastará deslocarem-se ao local e verem as placas identificativas...
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Povoado pré-histórico do Penedo da Cortegaça - 2
Designação: Arqueologia - Povoado pré-histórico do Penedo da Cortegaça
Concelho: Sintra
Freguesia: Pêro Pinheiro
Protecção: Não classificado
Descrição: Habitat. Sítio escavado por Fernandes Gomes não tendo sido, até ao momento, objecto de publicação global. As referências que existem foram recolhidas em notas avulsas elaboradas pelo autor dos trabalhos de campo, onde se alude à abundância de cerâmica decorada com "folha de acácia" e bordos denteados. Prospecções efectuadas na década de 1990 demonstram a existência, a par da cerâmica, de artefactos de pedra lascada e polida que permitem afirmar que o sítio tem vestígios de ocupação do Neolítico, Neolítico final, Calcolítico(?) e campaniformes.
Acesso: Interdito.
Fonte: Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas

segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Presidente da Junta visita Coutinho Afonso
Esta visita deu resposta a convite do Sr. Joaquim Pechilga, tendo como causa próxima a realização das Festas de Cortegaça, que se iniciarão no próximo fim-de-semana.
Como se sabe, a procissão das velas e a recolha de “cargos” para a procissão de N. Sra. da Luz, no dia 8 de Setembro, decorrerão também em Coutinho Afonso, e o estado de “conservação geral” da povoação é mesmo “pouco compatível” com as festividades (para além de todos os outros aspectos sobejamente conhecidos, neste momento o matagal é assustador), pelo que o Sr. Pechilga chamou mais uma vez a atenção para esse facto.
O Sr. Presidente da Junta foi acompanhado pelo responsável da nova Divisão de Serviços Urbanos 1 da Câmara Municipal de Sintra (DSU1), Eng. Sérgio, que operacionalizou ainda para esta semana a limpeza de parte do mato da povoação, incluindo da fonte; a DSU1 procederá também a obras de recuperação do fontenário do centro da povoação e à reparação dos dois pontões na estrada principal, junto ao Rossio.
Foram ainda abordadas outras necessidades da povoação como os passeios, as passadeiras (a falta de ambos), e a colocação dos contentores, em especial os de reciclagem (apresentaremos oportunamente fotografias da sua óptima localização, seleccionada pela empresa municipal HPEM).
Coutinho Afonso agradece certamente a visita do Sr. Presidente da Junta e do responsável da CMS, esperando que ela seja o “início de uma bela relação…”.
domingo, 8 de agosto de 2010
ASCENDI ignora peões



A outra Casa Saloia da Barrosa

Mais um acidente rodoviário...
Desta vez, na passada 6.ª feira, foi atingido um poste de madeira, que só ficou de pé graças aos seus cabos telefónicos:


Apesar da violência do embate a "besta" conseguiu fugir. Claro que se estivesse alguém a passar no local...
Já várias vezes demos aqui nota da falta de condições de segurança na circulação dos peões em Coutinho Afonso. Como dizíamos em Setembro de 2008:
Como é sobejamente conhecido - nomeadamente pela Junta de Freguesia -, a povoação não dispõe de qualquer passadeira ou de dispositivos de redução de velocidade, à excepção de dois semáforos nas entradas da povoação que, também como é do conhecimento geral, ninguém respeita - desafiamos as autoridades a confirmar com os seus próprios olhos (nem é preciso radares)esta afirmação.
Dois anos passados a situação mantém-se exactamente como descrito. Enquanto forem só muros e postes atingidos pelos automóveis parece que os responsáveis políticos e policiais continuam a dormir bem..
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Festa na Aldeia do Penedo
Foto das Festas do Penedo de 1978
Essas festas não se realizavam há 10 anos, pelo que não deve mesmo perder-se esta oportunidade de assistir à, porventura, mais característica romaria do concelho de Sintra.
As "Festas do Divino Espírito Santo" no Penedo, têm uma riquíssima história, remontando de forma mais directa ao reinado de D. Dinis e à sua mulher a rainha Santa Isabel, mas com raízes mais bem antigas e profundas, como o provam os vários estudos que têm sido realizados sobre elas.
O Penedo é o último local do continente português onde são realizadas festas do "Império" ou do "Espírito Santo", que continuam a existir em muitos locais dos Açores, em particular na ilha Terceira.
Para um melhor contacto com a importância das Festas do Penedo recomendamos a leitura da separata que o "Jornal de Sintra" de 4 de Junho passado publica em http://www.jornaldesintra.com/2010/06/festas-em-louvor-do-divino-espirito-santo-do-penedo-colares-%e2%80%93-sintra/
Também no blogue "A Gazeta Saloia" pode encontrar mais alguns materiais -
http://agazetasaloia.blogspot.com/
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Escola do Algueirão, classe feminina de 1939.1940

A professora era a saudosa Dona Stela, falecida não há muitos anos. Os alunos eram do Algueirão Velho, mas também das aldeias vizinhas, incluindo de Coutinho Afonso (eram uns bons três quilómetros a pé por carreiros, no Inverno rigoroso de então com muito frio e debaixo de chuva, certamente com a "barriga não muito composta"...).
A Escola do Algueirão Velho situava-se na bifurcação da Estrada do Algueirão com a das Mercês/Rinchoa e fechou em 1966, com a passagem dos alunos para a então ampliada escola situada junto à Igreja; recordo-me dessa passagem, fui acabar lá a 4.ª classe.
O edifício ainda lá está, é hoje um stand de motos e automóveis:
O Carnaval e as Cegadas


Do mesmo livro, outra história de Carnaval:



domingo, 7 de fevereiro de 2010
O povoado pré-histórico "Penedo de Cortegaça"
Mas o mais conhecido testemunho da ocupação humana na nossa área data do Neolítico, com o povoado pré-histórico designado "Penedo de Cortegaça", situada na fronteira das duas freguesias (Pero Pinheiro e Algueirão-Mem Martins) e ocupando áreas de ambas.
Essa estação foi objecto de várias intervenções arqueológicas, sendo referenciada em algumas publicações:
Os dois últimos trabalhos referidos foram encontrados em - www.ipa.min-cultura.pt/pubs/TA/folder/11/
Do segundo trabalho (Teresa Simões) extraímos a "Ficha de Sítio" e imagens de espólio aí encontrado:
Do trabalho de Ana Catarina Sousa, efectuamos um pequeno resumo:
Esta autora diz-nos que o Penedo de Cortegaça foi um pequeno povoado ocupado desde o Neolítico (5.000 a.C. a 2.000 a.C.) até ao Calcolítico (3.100 a 2.000 a. C.), fazendo parte de um núcleo de sítios, do qual o mais próximo era o Alto do Montijo (Morelena), mas que incluiria vários outros no que designa de área da Ribeira de Cheleiros; os principais seriam o Penedo de Lexim e Oulelas (Sabugo).
O Penedo de Cortegaça era um povoado aberto, não fortificado, mas situado em cumeada, com condições de defensabilidade (a cerca de 200 metros de altitude); situava-se junto a terrenos com grande aptidão agrícola (a várzea da Granja), e os seus habitantes praticariam a pastorícia, o que será testemunhado por vestígios de queijeiras.Este povoado estaria ainda relacionado com necrópoles funerárias contemporâneas, nomeadamente a muito próxima e já destruída Folha de Barradas, na Granja do Marquês.
Alguns excertos do seu livro:





