domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Carnaval e as Cegadas

O Carnaval está aí e, salvo raras excepções, todo ele centrado nos desfiles mais ou menos "abrasileirados".

Nem sempre foi assim nas nossas bandas. Recordo-me de miúdo dos grandes bailes dos Recreios Desportivos do Algueirão, mas, sobretudo, das Cegadas no largo fronteiro à "Sociedade" e no "Rossio" de Coutinho Afonso.

Já passaram muitos anos desde que assisti à última cegada, quase 40. Uma descrição mais rigorosa que a da minha memória, do livro "Mem Martins, Retratos", de Zé de Fanares (*):


Do mesmo livro, outra história de Carnaval:



(*) Sobre o livro de onde extraímos estas histórias, um artigo de Filomena Oliveira/Luís Martins no blogue da Associação Cultural Alagamares (24.09.2006) - primeirosite.alagamares.net/artigo229.html:
Constituído a partir da rubrica jornalística "Retratos", publicada no Jornal de Sintra ao longo da década de 80, escrita pelo memartinense Luís Pedroso Miguel, que assina com o pseudónimo "Zé de Fanares", nome do pequeníssimo lugar ou povoado onde se construiu o apeadeiro do comboio, entre Algueirão e Mem Martins, hoje recordado com o nome de Rua de Fanares, Mem Martins. Retratos evidencia-se como um livro de crónicas-contos que recupera o modo comum de vida das populações da freguesia até ao final da primeira metade do século XX, um modo de vida eminentemente rural, regrado pelos ciclos das sementeiras, ceifas e colheitas, pelo transporte animal (o cavalo, o burro) e pelas profissões aldeãs (lavradores, abegoeiros, moleiros, canteiros, pedreiros, sapateiros, taberneiros…), a que se iam juntando quintas e moradias de veraneio. As "cegadas" e as "danças", com cantigas ao desafio, como festas aldeãs, são descritas com primor, bem como os bailes à luz do petróleo (e o primeiro arraial popular à luz de um gerador, em 1928) na casa do Zé Caixeiro.

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