segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O nosso Linus

Obrigado Linus. Adeus.
 
 
Ontem o Linus deixou-nos. Não sei nada da sua vida anterior até ter chegado há 10 anos. Apareceu perto de umas bombas de gasolina e foi resgatado por um amigo, um irremediável resgatador de cães abandonados. À sujidade da rua, juntavam-se hematomas e feridas, marcas de um passado que não pode ter sido fácil. Tomou banho, comeu, ganhou um abrigo mas nem por isso deixou de tremer mal alguém se aprox...imava. Desenvolveu logo uma paixão imensa por uma toalha de praia velha e azul. E a forma solene como passava de toalha na boca, arrastando-a no chão, mereceu-lhe o nome – Linus, como o amigo do cobertor do Charlie Brown. Depois foi preciso arranjar-lhe um dono. A urgência era grande e a contemplada foi a minha avó. O Linus foi enfeitado com um laço de presente gigante e foi lhe apresentado. A minha avó recebeu-o com reticências. Tinha perdido a gata há pouco tempo. Perante o olhar desesperado do Linus e aquele enfeite inesperado disse que sim. Está bem. Deixa-o aí e logo se vê. Rapidamente adoptaram-se. Passaram a ser companheiros. O Linus conquistou-nos. Foi o primeiro cão da família. Perdeu o medo e a quem conhecesse enrolava-se nas pernas a pedir mimos até ao cansaço. De vez em quando ia dar umas voltas sem avisar, levando toda a gente ao desespero. Mas voltava sempre. Gostava de passear, desde que não fosse de carro – enjoava por mais curta que fosse a viagem. Gostava de roer ossos, apanhar sol no pátio, ladrar a qualquer pessoa mais suspeita. Corria como nunca vi nenhum cão correr. Era dono de uma linha irrepreensível, um perfil majestoso, orelhas que não paravam de mexer de forma esquisita e olhos doces cor de mel. Não sei nada da vida anterior do Linus até ter chegado. Mas nos últimos 10 anos tenho a certeza de que foi um cão muito feliz.
 
Joana Reis

1 comentário:

Anónimo disse...

Adeus, Linus. Vou ter saudades de me ladrares. Carlos Galrão