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Coutinho Afonso
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Coutinho Afonso é uma pequena aldeia da freguesia de Algueirão-Mem Martins,
no concelho de Sintra. Situa-se no nordeste dessa freguesia, no limite com a de
Pero Pinheiro – coordenadas Latitude: 38º 49’ 31” N, Longitude: 9º 19’ 25” W,
Altitude 155 m.
As origens de Coutinho Afonso remontam ao Paleolítico Antigo ou Superior –
600.000 a 100.000 anos antes de Cristo –, como o atestam escavações efetuadas
em 1966 pelo arqueólogo João José Fernandes Gomes na "estação paleolítica
de superfície da Casa Caída". De acordo com o arqueólogo, esse povoado
manteria a sua ocupação pelo menos até ao Paleolítico Médio – 100.000 a 40.000
anos a. C. (GOMES, 1970: 151).
No período romano Coutinho Afonso era atravessada por uma “(…)
grande
estrada romana que ligava Belas, Suimo, Casal da Mata, Coutinho Afonso e irá
provavelmente ter ao Ramalhão.” (OLIVEIRA: 1987).
As primeiras referências escritas serão de 1348, em notícias de aforamentos*
de terras do Convento de Santa Cruz de Coimbra em Maria Dias e "
Gontijnha
Afonso" (AHS, Núcleo Silva Marques).
Em 1570, no “Livro da Fazenda e Rendas da Universidade de Coimbra”, Coutinho
Afonso “(…)
é citado duas vezes a propósito de propriedades: ‘… uma vinha e
muitas propriedades de pam que trazem (isto é arrendadas)
dezanove ou
vinte pessoas do dito lugar’ Nestas duas citações, duas variantes gráficas: a
1.ª = Coutinha Afonso; a 2.ª Guontinha Afonso (…)” (MADAHIL, 1940).
A “Lista de Comarcas do Reino”, de 1640, refere que Coutinho Afonso
pertencia à
Vintena** de Cortegraça e tinha 5 vizinhos (JFAMM, 2013).
Em 1758, na sequência do terramoto de 1755, o Marquês de Pombal ordenou a
realização das “Memórias Paroquiais”, um interrogatório enviado aos párocos
para que estes inquirissem a população. O resultado desses inquéritos é publicado
em 1758, referindo que o termo de Sintra possui 22 vintenas, sendo que a “(…)
Ventena
de Cortegasa tem quatorze lugares = Cortegasa, Continha Afonso, Barouta, Maria
Dias, Palmeyras, Quintanellas, Das Gozmas, Das Vivas, Sam Miguel, Condado,
Cabrafiga, Lapas, Urnal, Mourelena (…)”. Nessas Memórias é referido que
“(…)
Contim affonço (…) tem sinco famílias com vinte, e seis pessoas
(…)” (AZEVEDO, 1998: 152, 175).
O terramoto de 1755 terá provocado fortes danos em Coutinho Afonso, sendo aí
registado o único óbito da freguesia de Santa Maria, na qual se inseria então
Coutinho Afonso; referem as “Memórias Paroquiais”: “
Aos 2 de Novembro de
1755 passou da vida prezente Martins solteiro, solteiro, morador em Coutinho
Afonso desta freguesia que morreu por cauza do terramoto e foi sepultado no
adro desta Igreja de Santa Maria de que fis este assento que assinei. Por
comissão, o cura Hierónimo Rodrigues Moura.” (AZEVEDO, 1998: 117).
Em 1838, no levantamento efetuado pelo Visconde de Juromenha no livro
"Cintra Pinturesca", era referido que Coutinho Afonso tinha sete
fogos (JUROMENHA. 1838: 93).
Em 1940 os censos populacionais de referem que Coutinho Afonso tinha então
51 habitantes. Os censos mais recentes (2011) indicam uma população de 84
habitantes.
Notas
*Aforamento – concessão por longo prazo ou perpetuamente da
exploração ou usufruto de uma propriedade, mediante o pagamento de determinada
renda.
**Vintena – forma arcaica de organização administrativa do
território, já referenciada nas Ordenações Afonsinas, extinta com o
Liberalismo, que agrupava vinte vizinhos, ou seja, chefes de família, em torno
de uma 'cabeça', que correspondia a um lugar ou aldeia. Cada vintena tinha o
seu juiz, eleito pela vereação camarária, estando subordinado ao juiz de fora
ou ordinário (…). - in http://arquivomuseualenquer.blogspot.pt/2011/10/antiga-vintena-do-camarnal.html)
Bibliografia:
GOMES, José Fernando – Duas Novas Estações Pré-históricas na Região de
Sintra. “Ethnos” revista do Instituto Português de Arqueologia, História e
Etnografia, vol. VII. Lisboa: 1970.
ARQUIVO HISTÓRICO DE SINTRA (AHS) – Documentação medieval (Núcleo Silva
Marques). Citado (por Rui Oliveira?) no sítio da Internet da Junta de Freguesia
de Algueirão-Mem Martins, consulta em Set.2013.
AZEVEDO, José Alfredo da Costa, 1982 – “Memórias Paroquiais, referentes a
Sintra e seu termo (1758)”. In: Obras de José Alfredo da Costa Azevedo V –
Memórias do Tempo, edição da C.M. de Sintra. Sintra: 1998.
AZEVEDO, José Alfredo da Costa, 1982 – “O Terramoto de 1755”. In: Obras de
José Alfredo da Costa Azevedo V – Memórias do Tempo, Câmara Municipal de
Sintra. Sintra: 1998.
MADAHIL, António Rocha – Livro da Fazenda e Rendas da Universidade de
Coimbra em 1570. Coimbra, 1940. Citado por Rui Oliveira em ”O Rústico e o
Pitoresco de Coutinho Afonso” in: jornal?, Jul.2000. p. 14.
JUNTA DE FREGUESIA DE ALGUEIRÃO-MEM MARTINS (JFAMM), sítio na Internet – “Da
Época Medieval à Actualidade”. Consulta em Set.2013.
JUROMENHA Visconde de – Cintra Pinturesca, 1838. Reimpressão anastática da
edição original. Câmara Municipal de Sintra. Sintra:1990.
OLIVEIRA, Rui – Breve História do Casal da Mata. In: “Jornal de Sintra” de
03/07/1987. Sintra: 1987. Blogue “Coutinho Afonso” –
http://coutinho-afonso.blogspot.pt/.
Consulta em Jan.2014.