domingo, 22 de fevereiro de 2009

"A PEDRA E A ARTE DE BEM A TALHAR" - Joaquim Pechilga

Joaquim Pechilga, habitante de Coutinho Afonso (mais conterrâneo que apenas habitante, apesar de ter nascido em Cortegaça) possui as mais altas distinções do concelho de Sintra e da freguesia de Algueirão-Mem Martins.
Essas distinções são devidas ao seu talentoso e esforçado trabalho como canteiro-escultor, profissão exercida desde sempre por muitos dos naturais ou habitantes de Coutinho Afonso e de Cortegaça.
O reconhecimento da sua personalidade e do seu trabalho foi registado em vários documentos, de que destacamos para já uma notícia e entrevista da revista "As Cidades e a Serra" de Novembro de 2004.
Em próxima oportunidade falaremos do livro A PEDRA E A ARTE DE BEM A TALHAR. A PROPÓSITO DE UMA OFICINA DE CANTEIRO TRADICIONAL, da autoria de Joaquim Leite, edição da Câmara Municipal de Sintra/Núcleo de Património Histórico e Antropológico da Divisão de Património Histórico-Cultural/DCT, Cadernos de Património 2, 2003.
Um bem-haja a Joaquim Pechilga.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O LAVADOURO

Em meados dos anos 80 do século ido, uma fúria modernizadora abateu-se na freguesia do Algueirão: os "iluminados" eleitos (certamente próximo de eleições autárquicas), decidiram fazer obra em Coutinho Afonso, e vai daí constroem um novo lavadouro, coberto e em tijolo.

Só que para construírem essa "obra de regime" destruíram o antiquíssimo e característico lavadouro em lajes de pedra já existente nesse local; infelizmente não possuo fotografias (se alguém as tiver agradeço que me contacte pelo blogue).
Restou uma pequena e improvisada fonte:
Julgo que o antigo lavadouro foi aterrado, pelo que, talvez um dia alguém decida voltar a colocar ao dispor dos habitantes e visitantes mais este vestígio do nosso passado.


"DESCOBRIR ALGUEIRÃO-MEM MARTINS"

Há dez anos, em 1998, Dulce Pinto, uma habitante de Algueirão-Mem Martins, publicou um livro/monografia intitulado "Descobrir Algueirão-Mem Martins".

Eis algumas notícias sobre esse livro (lançado na livraria "Astrolábio", de boa memória):


Apesar das referências que o livro faz a Coutinho Afonso não serem muito abundantes, apresentamos de seguida algumas das páginas onde a povoação é referida:

Página 34, capitulo "Habitação"

Página 43, capitulo "Fontanários"

Página 78, capitulo "Percurso pela freguesia"

Pág. 114, capitulo "Agricultura" (na foto da parte inferior da página o saudoso Chico Miguel)

Julgo que ainda se poderá encontrar este livro à venda nas instalações do "Jornal de Sintra" (Av. Heliodoro Salgado, Sintra).

NOTÍCIA DE 1985

Uma notícia sobre Coutinho Afonso e Raposeiras de 1985, publicada no órgão informativo da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, designado "Boletim 921":

Repare-se no pretensiosismo do "Coutim Afonso"! (a este propósito pode ser visto um comentário feito em 1987sobre estas "confusões" de nome da povoação - COUTINHO AFONSO - A "FACE ESCURA DA FREGUESIA")

domingo, 15 de fevereiro de 2009

AGUARDENTE "QUINTA DA BARROSA"

Mais uma do sótão da minha Mãe: um rótulo de aguardente "Quinta da Barrosa" (dimensão de 140 x 99 mm), produzida pelo estabelecimento de José Lopes Miranda (Herdeiros), do Algueirão.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

PARQUE DE MERENDAS EM COUTINHO AFONSO???

Fomos surpreendidos por uma notícia do "Jornal da Região" desta semana, onde, a propósito da celebração do Dia de Freguesia de Algueirão, o presidente da Junta anunciava "a inauguração de obras como o parque de merendas em Coutinho Afonso (...)".

A estranheza com que encaramos a notícia não tem a ver com o facto de não haver actualmente qualquer indício de obras da Câmara ou da Junta em Coutinho Afonso (a isso já estamos mais que habituados); mas sem obras não pode mesmo haver "a inauguração" já prometida.

Bem, dir-me-ão, ainda faltam dez meses e meio para o fim de 2009, e um parque de merendas não deve levar assim tanto tempo a fazer! Sim, mas onde é que vai ser construído o tal parque, como é, o que prevê, já existe projecto, quem o fez, onde está, alguém o viu?

Que raio de perguntas, o sr. presidente vai finalmente fazer qualquer coisa em Coutinho Afonso e é logo isto, tantas questões; pobres e mal agradecidos, hem? Bom, sabemos todos que vivemos numa Democracia Representativa, pomos lá o papel de quatro em quatro anos e "eles" tratam-nos da vida, de gerir a tal "coisa pública", nós até nem temos tempo, o que sobra do trabalho e dos transportes usa-se na TV e na bola, também temos de espairecer um bocado. Isto não é a tal coisa da "Democracia Participativa" ou lá o que é isso, onde os eleitos consultam os eleitores sobre decisões que lhes dizem respeito (coisa para aí do norte da Europa, talvez). Tudo bem, são as regras deste jogo, mas quando existem moradores interessados em ajudar os eleitos, até gastam o seu tempo a fazer propostas e a pedir ao sr. presidente para as apresentar pessoalmente, e como ele não tem tempo para os receber até as enviam por correio, por e-mail, talvez fosse de bom tom dizer qualquer coisinha (um telefonema, um postalinho...).


domingo, 8 de fevereiro de 2009

TOURADAS!

Os blogues são na sua essência meios de difusão de ideias, de reflexões pessoais. No caso do blogue "Coutinho Afonso", o que está na sua origem é, antes de mais, homenagear a terra que viu nascer grande parte da minha família, através da divulgação da povoação, do seu património, das pessoas que aqui nasceram e ou vivem e dos seus problemas e anseios.

No entanto, também me parece haver lugar a reflexões de carácter mais personalizado. E um meu amigo escreveu uma carta a outro amigo que acho mesmo que tem de ser divulgada...

Aqui vai a carta, intitulada "Touradas":


Meu caro,

Vivi uns 15 anos numa aldeia de Sintra. No Verão, ao fundo da rua, realizava-se uma garraiada; o touro ia marrando em quem podia, e a malta ia-se exibindo. No final, ia tudo para casa, o garraio também. Não havia facadas, nem bandarilhas, nem espadas, nem sangue, tirando algumas esfoladelas.

Participei num filme sobre a Festa do Espírito Santo, no Penedo, cerca de 1980, que a Câmara Municipal de Sintra adquiriu. Podes pedir aos Serviços Culturais para o visionar. Havia uma Corrida do Touro à corda, a Coroação do menino Imperador, o Bodo, a Vitela a Sortear e as Barracas e Quermesse. No sábado, o touro dava a volta à aldeia, preso por cordas, tentando marrar em quem podia. A malta da corda ia dando folga de modo a que o touro pudesse ir acertando nos mais atrevidos. Também nada de facas, bandarilhas ou algo do género que a imaginação possa entrever. No fim, na praça da aldeia, um trabalhador do matadouro municipal, que tinha essas funções, matava o touro, perante a aldeia em peso, com uma faca especial que lhe enfiava na nuca; o touro caía ao primeiro golpe ou, se necessário, ao segundo, que se lhe seguia imediatamente. Não era muito edificante, mas também não era uma demonstração de sofrimento ou sadismo. Já foi proibido, claro; os tempos são outros. No domingo, no adro da capela, era servido o Bodo aos pobres, com a carne do boi.



O que se tem de proibir é a violência sobre os animais, não as touradas. Pelo contrário, a relação do Homem com os animais deve ser incentivada. Correr pelos campos com os cães, observar as aves, uma garraiadazita com uns garraios ou provocar uns carneiros no pasto, só faz bem. Pelo contrário, os touros de morte, a luta de cães ou de galos, as espingardas de pressão de ar, as armadilhas de caça, os venenos para animais, tudo isso deve ser proibido. Aconselhável era também observar nos olhos um gorila, condenado a prisão perpétua, sem crime nem razão alguma, com o seu olhar racional, na jaula do zoo a que o confinaram. Experimenta!

No Verão de 1974 fui ver o país, claro. Fui com um amigo (ainda hoje é como se fosse meu irmão) que, pensava ele, era maoísta (isto agora parece piada — ele agora apoia o Sócrates, benza-o o Mao!). No Minho, em São Bento da Porta Aberta (juro que era o nome da terra!), passava uma procissão. O meu amigo Vítor ficou embasbacado a ver um andor pejado de notas presas com alfinetes ao santo, e murmurou:
— Isto tem que ser proibido…

Proibir é fácil. Mas pode ser um acto de sobranceria em relação ao povo. E, em certos casos, uma manifestação contra o povo. Um belo exemplo, é este Sócrates. Ele gosta do povo das aldeiazitas a que retirou a escola primária, sem nada dar em troca? Ele gosta do povo das terrinhas a que retirou o Centro de Saúde, sem nada lhes dar em troca? Ele gosta dos funcionários públicos? Dos professores? Dos notários? Dos juízes?

Ou seja, ao proibir as touradas, gostamos do povo que se diverte com os touros? Gostamos dos touros? Se gostássemos do povo, íamos para junto dele correr à frente dos touros; se gostássemos dos touros, andávamos a fazer piruetas à frente do garraio.

Já agora, que é para a desgraça, a minha mãe, de 80 anos, foi ao Centro de Saúde marcar uma consulta, e disseram-lhe que só daqui a 2 meses poderia lá ir marcar, então, a consulta. Na rua dela, no Algueirão, há um assalto semana sim, semana não. São estas touradas que o povo gostaria que se proibisse. E não deveria ser sobre isto que deveríamos reflectir? Enquanto o povo se diverte a fugir dos touros, claro…


Carlos Galrão

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A PONTE MEDIEVAL


A travessia da Ribeira de Ferreiros em Coutinho Afonso era até não há muitos anos efetuada por uma antiquíssima ponte, constituída por grandes lajes de calcário suportadas por alvenaria de pedra.


Foto de c. 2002

Foto de c. 2002

As origens da ponte são, tanto quanto sabemos, desconhecidas, mas a sua arquitetura e os materiais de construção utilizados indicam que remontará à época medieval. A antiguidade e originalidade deste vestígio do nosso passado certamente justificará o seu estudo por parte das autarquias, cujos resultados poderiam fundamentar a sua classificação em termos histórico-culturais (Imóvel de Valor Concelhio ou mesmo de Interesse Público?).

Essa será a melhor forma de proteger este elemento do nosso património. É que a A16 passa a uma escassa centena de metros, nunca se sabe se não vão fazer a esta ponte o mesmo que fizeram ao Paiol de Pólvora da Barrosa ... (ver notícia sobre a sua demolição noutro local deste blogue).



Foto de Dez.2008

Foto de Dez.2008
Foto de Dez.2008


Entretanto talvez se pudesse limpar a vegetação que praticamente engole a ponte, bem como os seus acessos - a propósito dos acessos, é curioso registar que a ponte servia para a travessia do ribeiro "por carro", pelo que possuía caminhos em ambas as margens com 2 a 3 metros de largura; hoje esses caminhos parecem ter "encolhido" (fenómeno da natureza ou de espécimes humanos?).

P.S.: A propósito de pontes medievais na nossa região, mais concretamente logo ali na Rinchoa, vale a pena espreitar o blogue de Júlio Cortez Fernandes tudodenovoaocidente.blog.sapo.pt.